"Não pega"

Sinal de celular isola moradores da Zona Rural

Para realizar uma ligação, pessoas que vivem no interior precisam fazer malabarismos; empresas ainda não têm previsão de quando vão solucionar o problema

Gabriel Huth -

s dificuldades em se realizar uma ligação telefônica na Zona Rural de Pelotas é grande. A maior parte dos moradores cria táticas para conseguir sinal de celular. Deixar o telefone móvel fixo em uma janela, subir em uma determinada pedra do pátio, caminhar ao redor da casa, chegar próximo a uma árvore. No entanto, mesmo assim, o sinal costuma ser de pouca qualidade, as ligações caem ou o áudio fica cortado.

A reportagem percorreu mais de 50 quilômetros entre o centro de Pelotas e a comunidade de Santa Silvana, 6º distrito de Pelotas. Em parte do caminho, o celular funciona normalmente. Quando o caminho a ser percorrido muda do asfalto para a terra, o indicador de sinal começa a enfraquecer. São raros os locais em que o sinal fica cheio. Sem contar a internet móvel, também baixa nas regiões afastadas do centro da cidade.

Na divisa com o município de Arroio do Padre, Erno Müller, 61 anos, se preparava para sair de trator com a ajuda do filho Mateus Müller, 28 anos. “Funciona aqui na frente. Mas um tempo atrás veio um pedreiro de Canguçu que precisava ir atrás da casa e subir numa pedra pra conseguir ligar pra casa”, lembra Erno. A família vive de agricultura, alternando plantações de fumo, milho e feijão. A saída foi instalar um ponto de internet e fazer chamadas através da rede wi-fi. Caso contrário, seria sem internet e sem celular.

São poucos também aqueles que ainda mantêm o telefone fixo. Eles alternam entre chips das operadoras com sinal nos locais mais afastados. Em contato com as principais empresas de telefonia móvel do país, as respostas não trazem esperança de mudança deste cenário. São genéricas e praticamente não respondem à demanda do homem do campo.

O móvel como fixo
Agricultor e marceneiro, Marcos Alberto Brum, 49, não esconde que fica irritado toda vez que precisa usar o celular. Caminha na grama, levanta o braço. No entanto, às vezes, o próprio movimento de colocar o celular próximo à orelha já faz com que o sinal diminua e começa a cortar a ligação. Perguntado se utiliza muito o aparelho, Brum é categórico: “Às vezes dá pra ouvir meia dúzia de palavras”. O frentista em um posto de gasolina no distrito de Santa Silvana, Leonardo Peter, 35, conta que enfrenta a dificuldade em sua casa, a poucos quilômetros do trabalho. O telefone móvel precisa ficar fixo numa janela.

Além de não poder utilizar o aparelho, os moradores relatam que a dificuldade se reflete no momento de chamar a polícia, uma ambulância ou em um caso de urgência. “É complicado, porque se tu precisa e não pega, se é de noite, se tem chuva...”, reclamam moradores.

Dificuldades do campo
O secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, avalia que medidas são necessárias para incentivar a permanência de jovens e de produtores na zona rural. E a falta destes “confortos” são condicionantes para o êxodo rural. “Já temos um projeto aprovado no governo federal e estamos aguardando a liberação de recursos para a instalação de internet via satélite na Zona Rural”, espera o secretário.

A resposta das empresas

Claro
“Em Pelotas, a operadora já atende a população urbana com a tecnologia 4G e, na área rural da cidade, a empresa também continua trabalhando para ampliar sua cobertura e atender o maior número de clientes e oferecer a melhor experiência em telecomunicações.”

Tim
“A TIM vai focar seus investimentos na área urbana e na praia do Laranjal de Pelotas para atendimento da demanda de tráfego da cidade. A operadora planeja ativar 6 novas estações e a instalação da frequência 4G 700MHz em 70% das existentes para a ampliação de cobertura e da capacidade no município ao longo de 2019.”

Vivo
“A Vivo investe constantemente na ampliação, manutenção e monitoramento de sua rede, dimensionada para oferecer a melhor qualidade e conectividade aos clientes. A expansão, que considera demanda e critérios técnicos específicos do serviço móvel, está em conformidade com os compromissos de abrangência e metas de cobertura determinados pela Anatel em Editais de Licitações, tanto no Rio Grande do Sul, quanto nos demais estados. Em Pelotas, a Vivo mantém 28 sites em operação nas tecnologias 3G e 4G. Ainda em 2019, deve ampliar a capacidade 4G em dois destes sites; e em breve, a cidade contará com 4G+.”

Oi
“A Oi informa que investiu mais de R$ 201,7 milhões no Rio Grande do Sul em 2018. Já foram mais de R$ 1 bilhão investidos no estado nos últimos quatro anos. A operadora está priorizando a modernização da infraestrutura e expansão da capacidade da rede para oferecer uma melhor experiência aos clientes. A Oi implantou em 2018 no Rio Grande do Sul 55 novos sites de telefonia móvel e outros 1.949 sites foram ampliados ou modernizados nos últimos dois anos.

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